Segunda-feira 1 de maio de 2018 | Presidente Prudente/SP

Suicídio: por que jovens e idosos querem tanto morrer?

Da Redação

Em 16/11/2018 às 10:10

Faixas etárias têm maior número de casos por esse tipo de morte

(Foto: Arquivo)

“O suicídio é visto como um tabu e é um assunto muito difícil de ser falado, mas é preciso romper o silêncio em torno dessa questão”. A afirmação é da Dra. Mariele Rodrigues Correa, professora da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Assis. Nesta semana, ela foi responsável em ministrar a palestra “Suicídio e psicologia: rompendo silêncios”, em Presidente Prudente.

Para Mariele, que é psicóloga e atua como pesquisadora nas áreas de envelhecimento humano, subjetividade e finitude, o suicídio é um tema que não é muito abordado na psicologia. “Isso é um tanto quanto surpreendente, porque lidamos com pessoas em sofrimento psíquico”.

Pontua que as pessoas que estão em situações de extrema dor e sofrimento, não conseguem enxergar alternativa senão a morte. “O nosso trabalho é pensar de que maneira podemos acolher esse sofrimento, fazendo com que o indivíduo fale sobre isso, sentindo e se expressando. Acredito que essa função é um dos grandes desafios da profissão”, diz.

Durante a abordagem, o tema suicídio foi dividido em três momentos. “Inicialmente falei sobre os aspectos psicossociais do suicídio. É preciso pensar na questão psíquica, do que está acontecendo com essa pessoa que está no processo de sofrimento, ou seja, tentar compreender o que ela sente, de que maneira ela sente, sendo que, às vezes, ela não consegue verbalizar e nem acolher esses sentimentos. No âmbito social é válido refletir sobre aspectos como a faixa etária e o tipo de população em que aparecem os maiores índices de suicídio, por exemplo, os adultos jovens e idosos. Mas por que essas pessoas não querem viver? Precisamos pensar a respeito”, argumenta Mariele.

A palestrante também explanou sobre a pósvenção que é pensar no luto de quem perde entes queridos por suicídio. “Temos que lembrar não só daqueles que estão em sofrimento e que podem ter chegado a consumar o suicídio, mas também daquelas pessoas que aqui ficam, pois o processo de elaboração do luto é muito difícil, complicado e permeia uma série de sentimentos”, pontua.

A especialista lança uma reflexão sobre a questão do sofrimento psíquico no meio acadêmico. “Precisamos tentar entender o que está acontecendo e por que essas pessoas estão adoecendo e sofrendo a ponto de chegar a ser uma dor insuportável”, fala.

“Os espaços de orientações são imprescindíveis e funcionam como uma estratégia de prevenção. É preciso pensar também nas relações institucionais, pois elas podem produzir o sofrimento. Devemos ficar atentos no convívio que ocorre dentro das instituições de ensino, seja entre professor e aluno, professor e funcionário, funcionário e aluno, ou até mesmo a relação dentro da sala de aula, já que esse ambiente pode ter competitividade que pode ser muito prejudicial”, finaliza.
 

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