Apesar de lucro com taxa, vias de Prudente convivem com lâmpadas queimadas

Exatos R$ 360.037,00. Este é o valor que sobra todo mês aos cofres municipais como superávit na arrecadação da taxa de Contribuição de Iluminação Pública (CIP). Porém, o que seria motivo de comemoração contrasta-se com o atual cenário visto nas ruas e avenidas de Presidente Prudente: lâmpadas queimadas por todo lado e muita reclamação.

Nesta semana, o Portal conferiu a situação de oito ruas e avenidas da capital do Oeste Paulista. Em todo trecho percorrido pela reportagem na noite de quarta-feira (14), foram constatados 134 postes com lâmpadas queimadas.

As vias campeãs em problemas são a Rodovia/Avenida Raimundo Maiolini, do Distrito de Montalvão até o Residencial Tapajós, e a Avenida Manoel Goulart, com 21 e 29 lâmpadas queimadas, respectivamente.

Em seguida, estão as avenidas Coronel José Soares Marcondes, com 20 postes sem luz, e Washington Luís, com 19 apagados. Vias importantes de ligação, a Avenida Alberto Bonfiglioli - no trecho da Rodovia Raposo Tavares (SP-270) até o Ana Jacinta - e a Rua Alvino Gomes Teixeira também apresentam problemas: 16 e 17, respectivamente.

A avenida com menor registro de postes com lâmpadas apagadas é a Brasil, com 12. A escuridão também foi confirmada em um poste da Rua Madalena Pavezi Bacarim, Vila Marcondes, que conta com apenas dois quarteirões.

Apesar do argumento sempre utilizado da troca de lâmpadas comuns por LED, que consomem menos energia e com vida útil maior, alguns dispositivos adotados desta tecnologia foram encontrados com problemas nas avenidas Alberto Bonfiglioli, Brasil e Manoel Goulart.

Reclamações acumuladas e superávit

Postes com defeitos geram dezenas de reclamações da população todos os dias. Por meio da Câmara Municipal, por exemplo, os vereadores aprovaram 20 requerimentos de providências e 95 indicações para manutenção no período de janeiro a agosto deste ano.

Entre os pedidos, está o do vereador Willian Leite (PPS), ex-líder do governo, que cobrou explicações da Prefeitura sobre o lucro obtido com o aumento da taxa de iluminação pública e a falta de investimentos e troca de lâmpadas na cidade.

No documento datado em junho, o parlamentar aponta que a Prefeitura recolhe mensalmente R$ 1.308.055,00 com a CIP após o reajuste, o que gera superávit mensal de R$ 360.037,00.

Em abril do ano passado, com apoio de comissionados e secretários municipais que lotaram as galerias, os vereadores aprovaram o projeto de lei do prefeito Nelson Bugalho (PTB) para reajuste das alíquotas apesar de protestos de entidades em debates efervescentes no Legislativo.

Na ocasião, a Prefeitura sustentava que a CIP apresentava déficit mensal de R$ 270 mil diante dos R$ 602 mil arrecadados por mês com a taxa.

Insegurança

"Passo todos os dias na Maiolini para estudar. Já sofremos com buracos e agora com a escuridão. É muito difícil para quem depende da via e ainda utiliza uma moto. É muito poste apagado e não é de hoje", reclama o estudante Henrique Nascimento.

Já a aposentada Irene Rodrigues expõe a falta de segurança com as lâmpadas queimadas. "Ficamos com medo, pois facilita a ação de bandidos. Quem passa pela rua escura fica com medo de algo acontecer", pontua.

Demanda alta

Em resposta por meio do Portal da Transparência - diante da posição da Secretaria Municipal de Comunicação (Secom) em não responder os questionamentos do Portal -, a Secretaria Municipal de Obras (Sosp) aponta uma demanda mensal de 861 ocorrências atendidas pela Central 156.

De janeiro a junho, foram 5.166 solicitações de munícipes para troca de lâmpadas. Segundo o Departamento de Informação ao Cidadão (Secad), todas as ocorrências foram finalizadas.
   
Além dos pedidos feitos pela central, a Sosp aponta que são realizados reparos por iniciativa própria em "situações não relatadas". "A Ilumina, empresa terceirizada responsável pela reparação e manutenção da rede de iluminação da cidade, juntamente com a Sosp, realizam reparos na rede de iluminação mesmo sem solicitação dos munícipes. As equipes saem as ruas com uma programação diária oriunda dos pedidos dos munícipes".

"Essas equipes possuem a instrução e competência para realizarem reparos necessários quando identificam situações não relatadas para serem efetuadas durante essa jornada diária. Ou seja, as equipes quando se deparam com uma situação que não foi registrada na programação primária [oriunda dos pedidos dos munícipes] tem total autonomia de realizar o devido reparo mesmo sem estar na pauta do dia", finaliza.