Segunda-feira 1 de maio de 2018 | Presidente Prudente/SP

Criação de abelhas sem ferrão pode ser rentável para região, diz pesquisador

Da Redação

Em 22/10/2019 às 15:00

Meliponicultura é uma atividade ambientalmente interessante com insetos nativos do Brasil, diz pesquisador

(Foto: Arquivo)

Rentabilidade com a criação de abelhas sem ferrão. Também conhecido como meliponicultura, o negócio pode ser a saída para empreededores da região de Presidente Prudente, segundo o pesquisador da Embrapa Meio Ambiente, Dr. Cristiano Menezes.

“A meliponicultura consiste na criação de abelhas sem ferrão e explodiu no Brasil e em vários lugares do mundo. Apesar de ser tradicional e antiga em nosso país, ela ainda é muito local. Recentemente, fui à Malásia e conheci uma cooperativa com 4 mil criadores associados, cada um com 200 ou 300 colmeias produzindo mel em escala industrial. Lá a meliponicultura é focada nos negócios e conseguiu fazer em cinco anos o que o Brasil não fez em 50. Precisamos estimular os criadores brasileiros a se profissionalizarem de maneira sustentável dos pontos de vista ambiental, social e econômico para que essa atividade se fortaleça”, opina.

No último fim de semana, ele participou do 1º Encontro de Meliponicultores da região de Presidente Prudente. Durante a iniciativa organizada pelo Grupo de Pesquisa com Abelhas de uma universidade local em parceria com a Fundação Educacional de Andradina (FEA), Cristiano mostrou os avanços da meliponicultura e a relevância de se preparar para atender esse mercado que possui várias vertentes.

“Existem pessoas que compram colônias para a criação como estimação, um segmento extremamente forte e rentável. O próprio mel com sabores e aromas peculiares agrega muito valor, por exemplo, o mel da mandaçaia é um dos melhores que a gente tem no Brasil e é produzido na região de Prudente. Existe também a venda ou aluguel das abelhas para os agricultores que as colocam nas plantações para a polinização”, explana.

O pesquisador acrescenta outro segmento relativamente novo que é o da educação ambiental. “Como essas abelhas não picam, as pessoas podem usar como mecanismo didático nas escolas, para mostrar a importância do meio ambiente, do uso sustentável da terra e, principalmente, do benefício que a agricultura e a humanidade têm pela presença de um ecossistema bem preservado”, pontua.

Para ele, apresentar esse rol de informações foi uma maneira de incentivar os produtores a se capacitarem, pois a meliponicultura é uma atividade ambientalmente interessante com insetos nativos do Brasil. “Para transformar isso em renda, precisamos dar um passo a mais, voltado para a criação com seriedade focada no mercado”, frisa.

“A gente vê muitas abelhas trazidas de outros locais, entendo que existe um carinho pela espécie a ponto de colecioná-la, mas isso não é produtivo. Por mais que tenha uma espécie presente em vários lugares, ela tem subpopulações com diferenças genéticas e fisiológicas que vão ser mais produtivas às regiões em que estão adaptadas. Por exemplo, a jataí está em quase todo o Brasil, mas se comparamos a espécie do Amazonas com a do Rio Grande do Sul, percebemos que são distintas”.

Segundo ele, o Estado de São Paulo tem menos tradição de grandes meliponicultores. “Existem pequenos produtores que não visam a produção de mel e, sim, estão focados na venda das colmeias. Nesse  contexto, eles não conseguem ampliar o plantel, pois estão sempre vendendo a maior parte das suas colônias. Isso precisa mudar, o meliponicultor precisa estabelecer um plantel de produção e vender as filhas da colmeia”, fala.

Como surgiu o evento

Cassia Regina de Avelar Gomes, da Fundação Educacional de Andradina (FEA), comenta que o encontro surgiu diante da necessidade de reunir os produtores de várias cidades, como Penápolis, Araçatuba, Birigui e Ourinhos. “De maneira unânime prevaleceu realizar esse momento em Prudente. Esse evento foi importante, principalmente para a transmissão de conhecimentos técnicos e a troca de experiências”, diz.

“Nosso objetivo principal era manter o contato com os produtores e também ter uma base das espécies de abelhas que cada um está criando. Além disso, tivemos a chance de demonstrar as técnicas adequadas de manejo e de conservação, abordando também a importância do seguimento das leis na criação desses insetos”, finaliza.

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