Segunda-feira 1 de maio de 2018 | Presidente Prudente/SP

Pesquisas podem revolucionar cultura regional da batata-doce

Da Redação

Em 03/07/2020 às 15:04

São produzidos genótipos apropriados às características de solo e clima, para maior qualidade e produtividade

(Foto: Cedida/AI)

A região do Oeste Paulista ocupa, atualmente, o primeiro lugar no ranking estadual da batata-doce, com produção média de 15,38 toneladas por hectare, o que é maior que a média nacional de 14,5. Porém é baixa, por causa do solo arenoso e dos períodos de estiagem; e diante da possibilidade de poder chegar ao nível entre 25 e 30.

Experimentos agronômicos estão em andamento na busca de produtividade superior a atual mediante o cultivo de genótipos mais adaptáveis ao solo e clima regional, tolerantes ao déficit hídrico durante períodos de veranicos e com melhor qualidade nutricional.

São seis pesquisas e mais outra com o projeto para ser colocado em prática, desenvolvidas no Centro de Estudos em Olericultura e Fruticultura do Oeste Paulista (Ceofop) e no Laboratório de Tecidos Vegetais, instalados no campus II da Unoeste.

Ampla riqueza

O professor pesquisador Dr. André Ricardo Zeist comenta que existem poucos estudos científicos no Brasil sobre a cultura da batata-doce, mesmo sendo um produto de consumo interno e de exportação, além de gerador de vários subprodutos, entre os quais doces, féculas, flocos e farinhas.

Esse tipo de batata é importante suprimento de vitaminas dos complexos A e B e de minerais, tais como ferro, cálcio, potássio, enxofre e magnésio. É um produto cujo consumo tem aumentado, especialmente por desportistas, devido à sua composição nutricional.

Produtores rurais da região de Prudente têm contribuído para atender o mercado nacional e internacional, trabalhando com determinação para superar as dificuldades dos solos arenosos e dos déficits hídricos que resultam em produções que poderiam ser mais altas e com menos anomalias fisiológicas nas raízes.

Os estudos

Seleção in vitro de genótipos de batata-doce tolerantes do déficit hídrico, de autoria de Helder Sampaio Ferraza.  Desempenho agronômico de genótipos experimentais de batata-doce de polpa roxa na região do oeste paulista, por Bruno da Rocha Toroco.



Adaptabilidade de genótipos experimentais de batata-doce na região do oeste paulista, por Jair Garcia Neto. Desenvolvimento e seleção de genótipos de batata-doce, por Murilo Henrique Souza Leal. Adaptabilidade e estabilidade de genótipos de batata-doce em Presidente Pudente, por Amanda Carvalho Perrud.

Aplicação de índices de seleção inicial e de genótipos meios-irmãos de batata-doce com polpa branca ou creme, por Rodrigo Dias Vergana. Aptidões e avanço na seleção e genótipos experimentais de batata-doce de polpa laranja, por Souza Leal e que dará continuidade ao estudo de Vergana.

Aptidões e avanço na seleção de genótipos experimentais com padrão canadense, no qual estão trabalhando Jair Garcia Neto, no desenvolvimento de sua pesquisa de mestrado, junto com Alberto Junior Torres Biscola e Douglas da Silva Mafra, estudantes da graduação.

Boa contribuição

O produtor rural exportador de batata-doce, Nelson Monteiro, está há quase 40 anos atuando nesse segmento e conta que tem utilizado de sua própria vivência na busca de qualidade capaz de atender o exigente mercado internacional. Tem sido assim desde 1982, safra por safra.

"Os resultados poderão ser uma boa contribuição", diz. Especialmente se derem respaldo à sua condição de exportador que atualmente mantém negócios com a Holanda, mas já atendeu outros países, como a Itália e o Canadá. No momento, está empenhado em obter o selo europeu de qualidade.

Monteiro está entre os mais antigos produtores dentre os mais de 300 de Presidente Prudente e região, que juntos movimentam cerca de R$ 110 milhões por ano, gerando emprego e renda.

São mais de 3 mil trabalhadores, da preparação do solo à colocação no mercado, com renda média mensal de R$ 2 mil.

Mais números

Dados do Instituto de Economia Agrícola (IEA-APTA) mostram que São Paulo produziu 147.959 toneladas de batata-doce em 2019, o que representa cerca de 20% da produção nacional.

A área plantada com a cultura no Estado foi de 9.295 hectares, sendo as principais regiões produtoras Presidente Prudente, Araçatuba, Tupã, Jaboticabal e Dracena.

O valor da produção paulista de batata-doce foi de R$ 170 milhões, aproximadamente, em 2019.



Nutrientes

A farinha de batata-doce, quando elaborada a partir de raízes com alto teor de betacaroteno, é fonte de pró-vitamina A, que traz benefícios para a saúde humana. Assim pesquisadoras do Centro de Tecnologia de Embalagem (Cetea) do Instituto conduziram estudo comparando o efeito do tipo de embalagem e do sistema de acondicionamento na preservação de carotenoides de farinha de batata-doce biofortificada.

A farinha é resultado do trabalho de seleção e melhoria de culturas e pesquisa e desenvolvimento de produtos por pesquisadores da Embrapa Agroindústria de Alimentos (RJ) e Embrapa Hortaliças (DF), visando contribuir com o suprimento de vitamina A na alimentação de populações carentes.

Foram estudados no Cetea o acondicionamento com e sem vácuo em embalagens com diferentes tipos de barreiras a oxigênio, vapor d’água e luz e estocadas a 25° C/75% UR com e sem exposição à luz por um ano.

Os resultados indicaram que os fatores mais importantes na preservação de carotenoides foram a redução do teor de oxigênio no espaço livre da embalagem por meio de aplicação de vácuo aliada ao uso de materiais de embalagem com barreira ao oxigênio PET com metalização barreira.

Alimentação

A engenheira agrônoma da Divisão de Extensão Rural, da Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável (CDRS), Maria Cláudia Silva Garcia Blanco, ensina que “a batata-doce é uma planta rústica, de porte herbáceo prostrado, cujos ramos podem atingir de um até cinco ou seis metros, que produz raízes tuberosas de armazenamento, ricas em amido e açúcares”.

Contudo, açúcares e amidos vêm sendo privilegiados em detrimento da batata comum e, por isso, é comum ver batatas-doces das mais variadas tonalidades tomando espaço em diversas preparações culinárias.

“A batata-doce é rica em carboidratos de baixo índice glicêmico, ou seja, são digeridos e absorvidos lentamente, com isso estimulam pouco a liberação de insulina, mantendo-a em níveis baixos e, como consequência, reduzem o risco de diabetes, obesidade e auxiliam no controle do apetite. Lembrando que insulina alta é sinônimo de síntese de gordura corporal”, pontua a nutricionista Denise Baldan, explicando o motivo dessa opção nas dietas indicadas para perda de peso, em detrimento da batata comum ou batata-inglesa.

Segundo ela, a batata-doce supera a batata-inglesa tanto em relação ao valor calórico quanto na quantidade de nutrientes e compostos bioativos. "Exerce ação antioxidante, desintoxicante, alcalinizante, anti-inflamatória, combatendo o risco de doenças crônicas e o envelhecimento precoce. No quesito auxílio na redução de peso, é preferida por proporcionar o aumento da saciedade”, acrescenta a agrônoma, também fã das qualidades nutricionais desse tubérculo.

“Suas raízes assadas no forno ou na brasa são usadas no combate de algumas carências nutricionais, por meio de seu consumo diário, e as folhas frescas também podem ser usadas na forma de cataplasma para a cura de abscessos e furúnculos”, completa.

Já na culinária, além dos tradicionais docinhos juninos, a batata-doce pode fazer parte de qualquer receita em substituição à batata-inglesa, como purê, salada, sopa, nhoque, escondidinho, chips e até bacalhoada”, ensina a nutricionista Denise Baldam. (Colaborou Homero Ferreira/AI Unoeste)

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