Segunda-feira 1 de maio de 2018 | Presidente Prudente/SP

Produção de amendoim aumenta na região; cultura renova áreas de cana

Da Redação

Em 29/01/2020 às 14:04

Atualmente, 80% da produção de amendoim em São Paulo são feitos no período de renovação dos canaviais

(Foto: Arquivo/AI)

O Estado de São Paulo destaca-se como o maior produtor e exportador de amendoim do Brasil, sendo responsável por 90% de todo o produto no país. Acompanhando os indicadores, o Oeste Paulista tem sido um dos principais locais de crescimento.

“Nos últimos anos, tivemos um crescimento vertiginoso da produção, com aumento de 35% em 2018. O oeste do Estado tem sido um dos principais locais de crescimento, com destaque para o município de Tupã, com aumento de 23%. Daí a importância de um evento focado nesta região”, ressalta o pesquisador da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), Fernando Nakayama.

O principal destino da produção é o mercado externo, que comercializa o amendoim em grão e na forma de óleo.

Cultivo

Uma característica interessante da produção na região é o cultivo do amendoim não apenas em áreas de renovação de pastagens e de cana, como ocorre em outras localidades.

“Por termos mais terras ociosas, os produtores estão firmando contrato de arrendamento longo, com mais de cinco anos, para o cultivo do amendoim como cultura principal. Mais um motivo para compartilharmos informações, pois este produtor está se dedicando exclusivamente a cultura”, acrescenta o pesquisador.

O Instituto Agronômico (IAC), um dos seis institutos de pesquisa que compõem a APTA, detém 70% dos materiais genéticos plantados no País. “A APTA, por meio do IAC e suas unidades regionais, trabalha há muitos anos para o desenvolvimento da cadeia produtiva”, completa Fernando Nakayama.

Renovação

Atualmente, 80% da produção de amendoim em São Paulo são feitos no período de renovação dos canaviais.

Com a proibição da queima para a colheita da cana e a mecanização da atividade, os produtores precisam se adaptar à realidade de cultivar a oleaginosa sobre palhada, uma prática bastante comum entre os produtores da soja, mas pouco conhecida entre os de amendoim.

O pesquisador do IAC, Denizart Bolonhezi, explica que o instituto iniciou pesquisas na área em 1999, quando a proibição do uso do fogo e a utilização da colheita mecânica da cana era pouco discutida e não chegava a 10% da área colhida.

Hoje, 100% dos canaviais paulistas são colhidos com máquinas, sistema que deixa a cada colheita pelo menos 15 toneladas de palhada sobre a superfície do solo.

Os resultados gerados nos últimos 20 anos, permitem recomendar a prática aos produtores. “Com base em todo esse nosso know-how de pesquisa, conseguimos orientar o produtor de amendoim com segurança. O plantio do grão na palha é uma realidade”, diz.

Apenas os custos com diesel nas operações de preparo do solo, para a retirada da palhada no canavial, aumentam em R$ 1 mil por hectare, os gastos com a implantação da lavoura.

De acordo com a literatura internacional, para a produção de um quilo de grãos de amendoim são perdidos cinco quilos de terra por erosão.

“Esse índice pode chegar a 13 kg de terra por quilo de grãos produzidos nas condições brasileiras. Devido ao alto risco de erosão quando se adota preparo intensivo de solo na cultura do amendoim, em algumas regiões as usinas têm apresentado dificuldades aos produtores para estabelecer os contratos de arrendamento”, explica.

Pesquisas

Denizart Bolonhezi ressalta que os produtores de amendoim são predominantemente arrendatários, e na eventualidade de não conseguirem terras para cultivar no Estado, onde está concentrado todo o parque de beneficiamento e industrialização da cadeia produtiva, precisam buscar terras em outras regiões, fato que aumenta os custos com transporte e impostos.

Os estudos do pesquisador mostram que o cultivo do amendoim na palha traz mais sustentabilidade a atividade – já que não há erosão do solo – e reduz os custos de produção, que compensa uma possível perda de 10% na produtividade da cultura em período de muita chuva.

“Nossos experimentos mostraram que em época de seca, o cultivo de plantio do amendoim na palha traz ganhos de produtividade. Nas épocas de chuva, há uma pequena redução. A queda dos custos operacionais, porém, compensa esta perda de produtividade”, diz.

As pesquisas do IAC, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, continuaram ininterruptas nos últimos 20 anos e permitiram testar outras opções de manejo conservacionista do solo, além da semeadura direta sobre palhada, a qual oferece ainda resistência de adoção pelos produtores. Nas últimas quatro safras, o IAC testou equipamento que realiza preparo reduzido em faixas de 30 centímetros.

Assim, o produtor consegue manter mais de 70% do solo coberto e não necessita trocar a semeadora.

“Com esses resultados de pesquisa, conseguimos dar uma boa orientação aos agricultores. Provamos também, cientificamente, algumas práticas, trazendo segurança para os interessados em adotá-las”, pontua Denizart Bolonhezi.

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