Segunda-feira 1 de maio de 2018 | Presidente Prudente/SP

Vender escola para pagar dívidas sem cortar gastos: o que é demagogia?

Da Editoria

Em 10/02/2020 às 10:10

Prédio está avaliado em R$ 4,7 milhões, com laudo assinado em junho de 2019

(Foto: Reprodução/Google Maps)

Prefeito Nelson Bugalho, você vai fechar uma escola? A resposta é não, pois o chefe do Executivo já encerrou as atividades da Escola Municipal Edson Lopes, na Vila Formosa, no ano passado sem consultar pais de alunos, vereadores e população. A pergunta correta seria: prefeito Nelson Bugalho, você vai vender uma escola? Sim. Caso os vereadores aceitem conceder autorização para o município desfazer de um prédio público que ajudou na formação de várias crianças ao longo de décadas para pagar contas, multiplicadas pela atual gestão diante da inércia de não cortar gastos e reduzir o quadro de comissionados.

O primeiro questionamento citado neste texto faz parte da abertura de um vídeo que circula nas redes sociais, quando um locutor com voz caricata questiona Bugalho, sem esclarecer que a escola já foi fechada e os alunos transferidos para uma unidade que estava em plena reforma.

Com imagens editadas visando dar um 'toque de indignação' e uma pitada emotiva com trilha musical escolhida a dedo, Bugalho resolveu - com ajuda de sua "equipe de marketing" explorar o prédio que abrigava a escola da Vila Formosa.

Passeando pelos corredores, citou a unidade desativada como suja, insalubre, um "verdadeiro labirinto" que tornou-se "imprestável" para ser escola. Em uma sala vazia, onde a reverberação do som é natural, Bugalho provocou ecos com sua voz para justificar a morte da escola. Também mostrou buracos em calçamentos, instalações elétricas expostas, entre outros pontos para dizer que "estão fazendo demagogia".

Ao utilizar o sujeito oculto na oração, Bugalho colocou na vala da demagogia pais de alunos e todos os vereadores que votaram contra sua proposta de venda no ano passado. Detalhe: o prédio está avaliado em R$ 4,7 milhões, com laudo assinado em junho de 2019.

Ao citar sujeira, fios expostos, buracos e problemas no prédio, Bugalho se esquece de um fator básico: está no cargo desde 1º de janeiro de 2017. Ou seja, teve três anos e um mês para fazer a manutenção obrigatória da escola e garantir a segurança de todos os alunos, professores e funcionários. Uma tragédia, neste caso, aconteceria por simples falta de zelo.

Ao contrário do que propõe, poderia divulgar a construção de um novo prédio escolar no mesmo local, com toda a infraestrutura necessária para abrigar os pequenos e zerar, de vez, qualquer fila que possa existir ainda por vagas em creches.

Mas, Bugalho afirma que pretende utilizar todo o dinheiro para "pagar dívidas do passado, que deixaram para esta administração". Cabe lembrar - que apesar do déficit orçamentário que a Prefeitura enfrenta desde o início da crise econômica nacional, o atual prefeito encontrou os cofres com R$ 100 milhões. Hoje, os números se inverteram e salários de servidores já sofreram atrasos em dois meses.

É importante, e necessário, que o prefeito mostre a todos os resultados - número por número - de todos os decretos publicados por ele para cortes de despesas. Alertado pelo próprio secretariado para um possível caos financeiro, Bugalho prefere manter secretarias inoperantes de pé e comissionados em seus cargos de forma intacta.

Por último, você leitor sabe o que significa a palavra demagogia? Fica a dica para pesquisar.

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